Fiquei um tempo aqui parada, pensando em como falar do LAGAMAR ECOHOTEL.
É um lugar tão especial, que eu confesso, fiquei com medo de não conseguir traduzir a beleza
e alguma coisa que é difícil de explicar.
Talvez pela força da natureza, que oferece um espetáculo que a maioria de nós não está acostumado a conviver …
Incrível essa imagem! É de um rio inacreditavelmente vermelho, que fica na cidade fantasma de Ararapira,
bem pertinho do ” LAGAMAR ECOHOTEL.”
Talvez pela presença tão forte de seus proprietários que assinam o projeto de construção e decoração do hotel .
É uma explosão de cores, riqueza de detalhes, valorização da arte, a relação íntima com o meio ambiente, que vai muito além da uma lista de requisitos que o credenciam como ECOHOTEL.
Decidi seguir um roteiro que possa dar uma ideia do encanto e da beleza que o LAGAMAR ECOHOTEL nos oferece.
Começando pela localização.
Fica em Cananéia (litoral sul de São Paulo), localizada na região chamada “Lagamar”.
São 200 Km de extensão no litoral somando 5800 km2 de área total, composta por conjuntos de lagunas, braços de mar, baias, estuários, ilhas e morros isolados, com praias, restingas, florestas ainda bem conservadas e grande diversidade animal e vegetal.
Uma das atrações especiais, são guarás (acima), os botos cinza – golfinhos pequenos, que se aventuram dentro das raízes do mangue em busca de comida, mas tão sociáveis e brincalhões quanto seus parentes marinhos.
É fácil avistá-los em qualquer passeio e travessia (até de balsa). Há lugares que podemos observá-los bem de perto, como na Praia do Pereirinha e na Baía dos Golfinhos.
O nome do LAGAMAR ECOHOTEL é uma referência ao” Parque Estadual de Lagamar” , onde está localizado.
O “Parque Estadual do Lagamar de Cananéia” (PELC) está integrado ao Mosaico das Unidades de Conservação do Jacupiranga. Representa uma área contínua de Mata Atlântica de mais de 500 mil hectares. A maior área protegida do que resta hoje desse ecossistema, o mais rico do mundo em biodiversidade de espécies de árvores, anfíbios e répteis.
Considerada como de prioridade “extremamente alta” para medidas de conservação a região do Lagamar inclui um dos cinco estuários menos degradados e mais produtivos do mundo. Eleita pela UNESCO, uma das três Reservas da Biosfera mais importantes, das 610 existentes no mundo.
LAGAMAR ECOHOTEL fica no centro desse ecosistema, entre o mangue e a Mata Atlantica,
entre uma montanha de mais de mil metros …
e um grande canal navegável que leva até a Bacia dos Golfinhos, Ilha do Cardoso e o mar. O hotel oferece uma lancha rápida para até seis pessoas (com barqueiro e guia experiente da comunidade caiçara vizinha), para passeios personalizados nos maiores atrativos da região, sem ter que ir até Cananéia contratar os barqueiros para turistas (Cananéia fica apenas há 12 km de balsa).
O LAGAMAR ECOHOTEL
Na arquitetura e na decoração, riquezas de detalhes com elementos elementos tradicionais, utilizados com criatividade … Obras de arte, como por exemplo, os painéis de barro em alto-relevo das Marias de Crato (do Cariri, CE).
” …quem se hospeda no nosso hotel pode ter certeza da presença inefável – e, ao mesmo tempo, bem concreta – de alguns aspectos da essência do espírito criador mais amplo e sólido do povo brasileiro, recolhida com carinho e admiração, e retransmitida com orgulho, consciência e conhecimento.”
Conforto, rusticidade e integração com a natureza nas acomodações do hotel, com opções para famílias, grupos (até 4 pessoas), para casais, para pessoas com mobilidade reduzida, para animais ….
acessibilidade
Piscinas abastecidas com água de uma nascente no meio da mata;
Uma sala de culto inter-religioso e meditação, com vista para a lagoa, serra e a floresta
Sauna com vapor aromatizado com ervas (entre elas, a cataia típica da região) e folhas de eucalipto selvagem,
salas de convivência,; Sala computadores e web; terraço panorâmico; jardim, horta e pomar; lagoa natural, formada pelas águas puríssimas de dois córregos que descem da montanha
A cozinha merece um capítulo especial e a reprodução de um texto não menos especial do fotojornalista e jornalista Roberto Cattani (proprietário do Hotel).
“ Sempre sonhei em ter uma cozinha GRANDE, eficiente e equipada de verdade. Por isso, quando decidimos montar o hotel, achei que a hora tinha chegado. Foi a única parte do hotel que fiz questão de desenhar.
Assim foi tomando forma a nossa cozinha, com dois fogões profissionais (daqueles que me permitem duas rodas de chamas baixíssimas, aquecendo os ingredientes mais delicados como uma carícia quente), uma cuba para lavar louça com profundidade de 50 cm (quase uma banheira para pratos), uma coifa inox majestuosa, ecológica e quase protetora …. pessoas para comer), facas e panelas de todas as formas e materiais (mas cerâmica mais que tudo), para todos os usos…”
E, tão importante quanto, cores e cores (paredes verde-água, fogão, panelas e utensílios vermelhos, bancadas de trabalho brancas e, acima de tudo, telhado à vista), detalhes lindos, como os ladrilhos hidráulicos, as matrizes de umburana de xilogravuras com temas culinários dos mestres pernambucanos, e grandes janelas com vista para nossa floresta, para descansar a vista e a alma; tudo para que seja um prazer e uma inspiração trabalhar nela.”
” O nosso restaurante “TOCA DA CATAIA” aplica os princípios do movimento Slow Food, que dá prioridade para os produtos típicos da região e os ingredientes da estação, incentivando e sustentando os produtores locais que seguem os princípios da sustentabilidade socioambiental. Está habilitado a atender as exigências e requisitos de vegetarianos e cilíacos. “
É beleza que não tem fim!
A família de um dos hóspedes curtindo bastante a lagoa do hotel (inclusive com seus próprios stand up paddle)
Com toda essa natureza em que está inserido o LAGAMAR ECOHOTEL, fica difícil não imaginar o grande número de alternativas de lazer, esporte e ainda podemos acrescentar o contato com as comunidades tradicionais como remanescentes de quilombolas e caiçaras com seu modo de vida integrado à natureza; a riqueza das manifestações populares como o Fandango; Tudo isto associado a monumentos históricos e resquícios pré-históricos de grande valor.
Bem pertinho do Hotel …
O labirinto de canais do Lagamar: O Lagamar EcoHotel está localizado no centro desse ecossistema,
entre a Serra do Cadeado, coberta de Mata Atlântica e muitas cachoeiras .
As cavernas do Vale do Ribeira: no Mosaico – Uma das mais espetaculares é a chamada Gruta do Diabo, que pode ser visitada nos seus 400 metros iniciais, e a Capelinha, na área de Cajati.
Visita à Comunidade Extrativista do Mandira: o quilombo, tem hoje como principal fonte de renda o manejo das ostras do ecossistema Lagamar. Diferente da ostra do Pacífico, cultivada em Santa Catarina, a do mangue gosta de água salobra, nem muito doce, nem muito salgada – daí seu sabor mais suave e adocicado
Perto da vila do Mandira, encontram-se cachoeiras, com piscinas de águas puríssimas, corredeiras e quedas de vários metros.
A Serra do Cadeado, com o pico de mais de mil metros, bem junto ao hotel.
Para entender melhor todo o projeto de sustentabilidade do Lagamar, conversamos com Roberto Cattani , que com sua esposa Katia Maria Bortoluzzi, construíram essa bela história. Eles moram no Hotel, e é evidente o conhecimento e o amor deles pela região.
Roberto, nascido na Líbia, pais italianos, antropólogo, acabou atuando como fotojornalista e jornalista, com especialização no Oriente Médio e mundo muçulmano.
“ Teve um momento que eu não aguentava mais viajar, já tinha rodado mais da metade dos países do mundo. Pedi que me colocassem fixo em um lugar. Me ofereceram o Brasil, mais especificamente São Paulo. Na hora fiquei um pouco surpreso, nem falava português! Acabei vindo e ainda bem! Estou aqui há 30 anos!
Para mim, foi muito interessante essa transição pessoal, de alguém que escrevia para denunciar as agressões e exaltar a defesa do meio ambiente, para alguém que precisa por em prática esses mesmos princípios.”
” Era socióloga e pedagoga, fui professora de educação infantil. Digo que era e fui porque com a proposta de administrar uma pousada, sinto que vou ter que ser muito mais que tudo isso junto” – fala Katia
Kátia começou a catalogar as árvores nas terras do hotel com a ajuda dos maravilhosos livros-catálogos do Harri Lorenzi.
“Já descobrimos que há árvores que nem imaginávamos que estivessem aí. Se der certo, quem sabe podemos nos tornar um ponto de cultivo e distribuição de mudas de árvores dessa fantástica floresta. Os hóspedes poderiam ajudar a disseminar espécies de árvores cada vez mais raras e ameaçadas.”
Sustentabilidade
Construção, ampliação e reforma do Hotel
” Toda madeira utilizada é de reaproveitamento e demolição, de reflorestamento certificado, ou reaproveitamento de árvores caídas na mata em volta do hotel – pela idade, ventanias ou erosão do solo – (devidamente fotografadas e informadas ao Ibama).
O entulho da obra foi reutilizado para aterrar os pontos de maior alagamento e dar firmeza ao fundo de argila do estacionamento.”
Decor
” Os azulejos utilizados para decoração são todos de material descartado pela grande indústria por apresentar defeitos muitas vezes quase imperceptíveis e imperfeições até charmosas, garimpados pacientemente nos imensos ‘lixões’ ao lado das fábricas como a da Portobello, em Santa Catarina.
Todos os móveis do Hotel são de madeira reaproveitada.”
Água
” Criamos uma rede de drenagem, por gravidade e por mangueiras furadas enterradas, em toda a área construída, para que as águas que descem da serra carregadas de nutrientes tenham caminho livre, para a lagoa e para o córrego ao lado do hotel, que desemboca no mangue e no canal
A água das torneiras e das piscinas vem diretamente de riachos e nascentes da serra em volta da pousada, nas nossas próprias terras, uma área de preservação permanente garantida. A água é filtrada e purificada com ozônio, mas nunca perde completamente a cor amarelada escura que o tanino das plantas lhe confere. O tanino, por outro lado, dá uma sensação maravilhosa de firmeza e adstringência na pele depois do banho. De qualquer forma, a água é submetida a controle sanitário constante para garantir sua pureza e higiene.
A água utilizada no dia a dia é separada em canos de água cinza e água negra, tratada em fossas sépticas diferenciadas, com círculo de bananeiras e sistema de bacias de evapotranspiração, no caso da água mais poluída, e devolvida à natureza num estado de pureza testado e comprovado.”
Ecoescolha
” Frutas, verduras e temperos utilizados na cozinha são produzidos no Hotel na horta e no pomar, ou provêm de uma rede de fornecedores locais comprovadamente ecossustentáveis (cultivadores, pescadores ou criadores), sendo frescos, orgânicos e naturais na medida do possível.”
Os produtos de limpeza utilizados no dia a dia da pousada são ambiental e socialmente corretos: o sabão em pó e detergente.
Os sabonetes fornecidos aos hóspedes são fabricados com produtos e essências naturais locais por uma rede de produtores da comunidade chamada ‘Cheiro do Mato’
Controle de insetos
Controle de insetos é feito com óleo de neen (ou nin, em português), uma substância extraída da Azadirachta, planta de origem indiana da família do mogno e do cedro. O óleo de neen é uma forma milenar de controle natural e não agressivo para os demais animais e plantas, especialmente para os sapos, pererecas e aranhas, que são nosso principal aliado nessa luta. Os bangalôs estão cercados por tufos de citronela e outras plantas, como o gerânio, que ajudam a afastar os hematófagos. Outro recurso, que utilizamos nos períodos de maior agressividade dos bichos, é a fumigação: a fumaça de folhas, como as de eucalipto, é um método garantido para aliviar o assédio. Nas varandas, as lâmpadas são do tipo que não atraem os insetos.
Redução, Reaproveitamento e destinação de resíduos
O lixo orgânico do hotel e do restaurante é reutilizado inteiramente em composteiras, que sustentam a horta e o jardim.
O material reciclável é separado e levado a um reciclador local.
Redução do consumo de energia
Toda a iluminação interna e externa é feita com lâmpadas de baixo consumo, e nos casos de necessidade de iluminação mais forte, como no estacionamento, na cozinha e na parede de exposição de obras de arte – com spots LED.
Possui sensores de presença na parte externa,
” Estamos realizando testes para averiguar se será possível e viável implantar a energia solar nesse ecossistema. Infelizmente, o ecossistema Lagamar é caracterizado por um índice de insolação muito baixo, por causa da umidade constante da região, e não parece nada propício para essa fonte de energia (assim como para a eólica). Pelo contrário, parece adequado imaginar, no futuro, uma minicentral hidroelétrica fornecendo energia para o hotel, colocada na pequena barragem que represa as águas da lagoa. A água – descendo do céu ou da montanha – é, sem dúvida, a grande fonte de energia para essa região tão profundamente aquática.”
Relação com a região
” Cuidamos, gerimos, protegemos, exploramos (de forma sustentável), reflorestamos e oferecemos para nossos hóspedes mais de 600 hectares de terra em volta do hotel, entre mangue e Mata Atlântica, entre canais de água salobra e montanhas de mais de mil metros.
Nos orgulhamos de estar fazendo a parte que nos cabe, isto é, cuidar e vigiar a porção de floresta e de serra que adquirimos junto com o hotel. Isso implica e exige ter funcionários mateiros, ou nós mesmos, percorrendo essa imensidão de hectares com toda a frequência possível, para inibir a exploração ilegal, na forma de caça, corte do palmito e retirada de madeira de lei – ou simplesmente de ocupação ilegal da terra.”
contato
O negócio é ir lá e “curtir” muito, com a certeza que prestigiar atitudes como essa, é dar mais um passo na direção da construção de um mundo melhor, sem abdicar do conforto e do prazer.
ESTRADA MUNICIPAL DO ARIRI KM 6 S/N
CANANÉIA – SP – CEP: 11990-000
TELEFONE: (13) 3851.1341 – (11) 98145.5317
Vale a pena dar um pulo no site do Hotel, que é muito interessante. Tem explicações detalhadas da região e textos deliciosos – alguns com uma boa dose de humor, outros com uma poesia na medida certa.
Desejo a todos uma boa viagem!