Saúde & Emergências Climáticas

A saúde tem sido negligenciada no debate sobre mudanças climáticas

Emergência do clima impacta no surgimento de novas doenças
e na piora das já existentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
calcula que, atualmente, as mudanças climáticas
provocam ao menos 150 mil mortes ao ano,
número que deve dobrar até 2030.

Relatório,  descreve as principais ameaças, diretas e indiretas para a saúde global em consequência das alterações climáticas. O relatório foi elaborado pela comissão Lancet,  London’s Global University (UCL), com a colaboração de dezenas de especialistas de todo o mundo e apoiado pela Organização Mundial da Saúde. 

“Nós vemos a mudança climática como um problema de saúde
e que é muitas vezes negligenciada nos debates de política”
,
disse o professor Anthony Costello, diretor do
Instituto UCL da Global Saúde e co-presidente da comissão.

As ameaças
A investigação, bastante abrangente, estabelece os riscos diretos para a saúde, como ondas de calor, secas e inundações, mas também os riscos indiretos, decorrentes da poluição atmosférica, propagação de doenças, fome e doenças mentais.  O relatório detalha a gama de danos à saúde que o aquecimento global provoca, incluindo ondas de calor mortal que aumentam em todo o mundo.

As doenças transmitidas por vetores como mosquitos, carrapatos, caramujos, ratos, entre outros, vão se expandir, como a dengue e a malária.

A falta de alimentos e água  pode aumentar à medida que as alterações climáticas
prejudicam colheitas  e a capacidade de trabalhar em climas quentes.

As soluções
Cortes profundos nas emissões de dióxido de carbono são urgentemente necessários para evitar alterações climáticas perigosas , mas devem ser complementadas por reduções nos poluentes climáticos de vida curta , que produzem um forte efeito do aquecimento global. A redução poderia ter um efeito maior sobre a mudança climática no curto prazo, como por exemplo , reduzir o derretimento de neve e gelo .

Os  benefícios para a saúde resultantes de cortar uso de combustíveis fósseis são tão grandes que a luta contra o aquecimento global também apresenta a maior oportunidade para melhorar a saúde das pessoas no século 21.

Os autores argumentam que a saúde tem sido negligenciada do debate sobre mudanças climáticas. Os médicos e outros profissionais de saúde devem assumir um papel de liderança .

 “A perspectiva de saúde pública tem o potencial de unir todos os atores
por trás de uma causa comum – a saúde e o bem-estar de nossas famílias,
comunidades e países”, 
afirma o relatório.

A  escassez pode levar as pessoas a migrar como refugiados, levando a mais problemas de saúde, até gerando conflitos. Pessoas forçadas a se mover, seja por falta de alimentos, inundações ou tempestades extremas, podem sofrer graves problemas de saúde mental.

 

Clima mais quente leva ao aumento da violência, alerta estudo norte-americano publicado na revista Science.

Quando eu vi essa chamada, que o aquecimento global levava ao aumento
da violência, fiquei me perguntando: são tantas as razões que levam à violência …
Será que a temperatura mais alta provoca isso mesmo?
Não sou cientista, mas aturar uma sensação térmica de 50° graus
não é mole não! Mas que ficamos mais cansados,
mais nervosos, ficamos mesmo!

A pesquisa foi realizada por cientistas das Universidades de Berkeley (Califórnia) e de Princeton (Nova Jersey) – HSIANG, MARSHALL BURKE, EDWARD MICHEL.

” Não estamos afirmando que o clima é o único fator que
afeta o conflito, nem mesmo que é o fator mais importante

que afeta o conflito. Nossa contribuição é
quantificar o seu papel ao longo de uma série de definições,
e com nossos resultados esperamos que venha
a ajudar a motivar mais pesquisas sobre o

porquê o clima pode influenciar
o conflito de forma tão dramática. 

 Somos um grupo interdisciplinar. Trabalhamos cooperativamente para compreender a relação entre a sociedade e o meio ambiente. Examinamos fenômenos regionais e globais em escala, utilizando análises estatísticas de dados do mundo real. O estudo estabelece uma ligação entre temperaturas mais elevadas e um aumento da violência, com base em mais de meia centena de investigações sobre a mesma questão em disciplinas como a arqueologia, a climatologia, a ciência política ou a economia, publicadas na revista Science.

Uma delas assinala que os crimes, como agressões, homicídios, violações, violência doméstica, são mais frequentes quando a temperatura é mais elevada. Outra análise, por exemplo, mostra que durante os períodos mais quentes e secos da oscilação sul do El Niño duplica a probabilidade de qualquer país nos trópicos começar uma nova guerra civil”.

As provas indicam que os seres humanos mostram pouca capacidade para lidar com a exposição a temperaturas mais quentes”, fala  Marshall Burke, co-autor do estudo, num comunicado citado na agência France Presse. Os investigadores consideram que o calor também pode ter efeitos psicológicos que conduzam a reações violentas, afirmando que a explicação para o fenômeno não é óbvia e que existem várias teorias.

“Pensamos que os efeitos (identificados) são importantes
o suficiente para os levarmos a sério

e nos questionarmos sobre se o que fazemos
ou não hoje pode ter influência amanhã

no grau de violência do mundo dos nossos filhos.
Estamos na mesma posição que os médicos estavam
nos anos 30: eles podiam encontrar claras evidências
estatísticas
ligando o fumo ao câncer de pulmão,
mas só conseguiram explicar esta relação muitos anos depois.
Da mesma forma, podemos demonstrar que os eventos
climáticos causam conflitos,
mas não podemos dizer exatamente o por quê.” c
ompara Solomon Hsiang – principal autor do estudo. “

” Provavelmente múltiplos mecanismos atuam
nesta relação entre clima e violência,

já que nenhuma teoria isolada pode
explicar todos os casos.”
 Marshall Burke

Fonte: SIC NOTÍCIAS (sapo – PT)- Berkeley.edu/ Marshall