Papo.com Sonia Madruga

As aquarelas da artista Sonia Madruga. 

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Encantadoras … Foi o que me veio a cabeça quando tive a oportunidade de conhecer as aquarelas da artista Sonia Madruga.  Procurei saber mais sobre sua obra, sua vida e aí, uma surpresa! Ela utiliza água da chuva, das nascentes, do mar e água benta nas pinturas de santos e da Virgem Maria.

E mágico!

Confira a entrevista com Sonia Madruga e conheça um pouco da sua obra.

Como começou a utilizar água da chuva, das nascentes …. 

HOLI, foi a primeira aquarela que pintei com uma água especial, , com água que caía do céu colorida…

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… e  não era água de chuva. Estava na Índia, era novembro de 2002, onde fui ver Maharaji, Prem Rawat, meu mestre da vida.

No centro do Ashran  há um canhão de água, suficiente para refrescar todos que estão lá. Algumas vezes, há mais de 50.000 pessoas.  Porém Rawat, brincava conosco, colocando cores na água, pétalas de rosas e a gente se encharcava, se coloria e dançava. Uma alegria.

 Como sempre fazia, estava com uma garrafinha de água mineral na minha mochila. Quando voltei para o acampamento onde estava hospedada, reparei que ela tinha se aberto e estava cheia da água do Holi. Sentei para pintar com aquela água, registrando a emoção daquele momento incrível.

Dias depois, já de volta ao Brasil, senti o que emanava daquele momento através daquela aquarela.

Logo depois, na Austrália, foi a vez de pintar com água de Bilabongue. Depois no Líbano, pintei com água de fonte da montanha onde nasceu Gibran Khalil Gibran. Em Pirenópolis, pintei as aquarelas da Festa do Divino com água de nascente do Parque Nacional dos Pireneus… Pintar Nossa Senhora e a série do Divino com água benta , uma experiência indescritível.

Li no seu site – “a silenciosa opção da coleta da água, realizada com critério e atenção… Que critério é esse?

A intenção é captar a força, a energia do momento. O  “agora”, traz uma energia maravilhosa, traz verdade, vivência, o meu amor e contemplação, um blend de emoções. … Não há como explicar. Algo além da minha própia experiência, as pessoas sentem “um efeito diferente”…

Jardim Azul

Jardim Azul

 

A água do mar cria um efeito diferente?

Adoro pintar Iemanjá, o que faço todo ano. No dia 2 de fevereiro acordo, faço as minhas orações e vou para o mar, saudar,  viver o convite da magia da rainha do mar. É uma delicia. O efeito é simples, é a alegria imensa com que pinto, temperando a água com gotinhas daquela água que fui lá buscar. Pintar é expressão… e tudo conta!

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Você tem uma relação bem íntima com a música. É curadora de arte no projeto Música no Museu. Tem uma série “Músicas”. Uma de suas obras é capa do último CD do Ivan Lins…

Lembro perfeitamente dos primeiros concertos que fui da série Música no Museu, um projeto do Sergio da Costa e Silva. Meu companheiro, o Lauro Henrique Alves Pinto, é da área da música clássica, um produtor cultural. Temos muitos amigos em comum entre os artistas que se apresentam na série dos concertos, e com frequência estamos na platéia assistindo as apresentações.

Eu olhava os folders com a agenda mensal e visualizava … Um dia tomei coragem e apresentei ao Sergio a minha visão: Ficaria lindo incluir as artes plásticas nos programinhas. A primeira reação dele foi que seria impossível e daria muito trabalho.

Cerca de dois anos depois daquela conversa “maluca”, no final de 2008, Sergio me procurou com a novidade: a idéia das artes plásticas ia acontecer e fazia questão que eu assinasse a primeira capinha.

Vibrei de alegria! Sergio conseguiu apoio de grandes pintores e nos primeiros meses fluiu muito bem. No segundo ano, já em 2010, 12 capinhas depois, ele me ligou muito aflito, precisando com urgência de uma imagem para uma das primeiras capas do ano.

Imediatamente cuidei disso e, passei a convidar meus amigos pintores para participarem . Tornei-me a curadora ou “cuidadora”,  como carinhosamente chamava o apoio cultural, sem envolver nenhuma remuneração,  que dei ao projeto.

Trouxe artistas do Amazonas ao Rio Grande do Sul, de todo o Brasil. Sergio da Costa e Silva tinha o audacioso plano de ter uma sala de exposição permanente da coleção dos originais que ilustraram as capinhas e conseguiu! Em dezembro foi inaugurada oficialmente a exposição do acervo no  belo e histórico prédio da Academia Brasileira de Filosofia, na Rua do Rezende, na Lapa, presidente João Ricardo Moderno.

 Este fato inédito mereceu um capítulo ilustrado, apresentando as capinhas dos 5 primeiros anos da participação das Artes Visuais no livro –  Música no Museu – 15 anos depois. Para manter a continuidade, eu mesma funcionei como coringa e acabei assinando sete das 60 capas.

Um trabalho maravilhoso, tive muitas alegrias neste apoio cultural. Os artistas plásticos apoiaram e sou muito grata por isso, pela oportunidade de abrir uma janela para o mundo,  apresentando o trabalho de pintores contemporâneos … E tudo isso sem envolver dinheiro. Algo inédito.

Cumprido o ciclo, me desliguei da curadoria e agora estou envolvida em novos projetos que envolve um livro-arte de poesias, a ser lançado em 2016.

 …. a capa do último CD do Ivan Lins…

Sobre a capa do CD do Ivan Lins, América, Brasil, comemorando os 70 anos do músico e compositor e 40 de parceria com o Vitor Martins, foi uma mega emoção. Estava pintando a Festa do Divino em Paraty, há alguns anos e fiquei encantada de seguir a procissão onde todos cantavam a música Bandeira do Divino de Ivan, um verdadeiro hino ao Divino…

A pintura, feita com água de chuva benta, que recolhi naqueles dias, merecia um destino especial e quando Ivan Lins visitou a minha exposição na Galeria Villa Riso em 2013 e se emocionou ao vê-la, eu a dei de presente a este músico que povoa as minhas lembranças com suas lindas músicas. É um gênio , que muito admiro.

Quanta alegria!!!

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Você tem uma relação mais do que íntima com a natureza. Ela está integrada à sua obra. Mas como é a relação com o meio ambiente no seu cotidiano? 

Consciência. Amor. Contemplação. Atenção. Gratidão. Cuidado. Essas atitudes são fundamentais à própria  Vida.

Exercer esse cuidado em detalhes, como se estivéssemos preparando o próprio Futuro. Não se pode mais adiar. A hora é essa. Devemos isso às nossas crianças.

O Amor, a consciência, não são um opção, são o próprio CAMINHO.

Agradeço a gentileza com que Sonia me atendeu e me despeço com MUITA beleza. 

Da série borboletas, papillon, butterfly

Borboletas Vermelhas V

 

Da série jardins

Jardim Tropical VI

Jardim Tropical VI

Da série mosaicos, sensações, beija-flores

Beija-Flores - Sensações, Mata Atlântica

Beija-Flores – Sensações, Mata Atlântica

 

Da série Rio de Janeiro

Rio Urca

Rio Urca

Para visitar o site de Sonia Madruga, o link